Débora,Uma mulher profetiza e juiza em Israel ;Parte 2


II – A BIOGRAFIA DE DÉBORA(I) – UMA MULHER PROFETISA E JUÍZA EM ISRAEL






- “Débora” (em hebraico, “Devorá”) designa uma pessoa que possui uma força de vontade excepcional. Ela luta com grande determinação para alcançar seus objetivos. Embora muito cautelosa, quando confia em alguém se revela uma companheira doce e amigável”


- A Bíblia muito pouco fala sobre a vida de Débora. Surge ela, no texto sagrado, pela vez primeira, em Jz.4:4 e, fora esta passagem histórica do período de seu ministério, nada mais se fala sobre ela nas Escrituras. Sabemos, apenas, que ela era profetisa, mulher de Lapidote (em hebraico, “Lapidot”, cujo significado é “tochas”) e que julgava a Israel, entre Ramá e Betel, nos montes de Efraim, o que nos dá a entender que era da tribo de Efraim. Os estudiosos da Bíblia costumavam datar este período por volta de 1.120 a.C.

- Israel vivia um período difícil quando Débora aparece no cenário da história sagrada. Depois da morte de Eude, o segundo juiz de Israel, que os havia libertado do domínio de Eglom, rei de Moabe, o povo voltou a pecar e a transgredir a lei do Senhor, prova de que os 80 anos de sossego dados pelo Senhor (Jz.3:30), não forma suficientes para que o povo instituísse a necessária educação doutrinária nos lares, mantendo uma vida negligente de adoração a Deus. Nesse meio tempo, aliás, levantou-se um outro libertador em Israel, Sangar, filho de Anate, que teve grande vitória contra os filisteus, que ainda não haviam se tornado o principal inimigo de Israel (Jz.3:31).

- A situação de prosperidade fez com que o povo se esquecesse do Senhor e, por causa disso, Deus permitiu que novo período de opressão (o terceiro desde a morte de Josué) viesse sobre Israel. Desta feita, foram os cananeus, sob a liderança de Jabim, que deles se fez rei, tendo à frente de seu exército Sísera e reinando na cidade de Hazor, que conseguiu dominar os israelitas, dominação que durou longos 20 anos. O povo, então, clamou ao Senhor, pedindo por libertação (Jz.4:3).

- Apesar de sucinto, o texto bíblico muito nos fala a respeito de Débora. Em primeiro lugar, afirma que “naquele tempo”, Débora julgava a Israel. A ênfase do texto sagrado para indicar que era “naquele tempo”, mostra-nos que Débora era uma pessoa totalmente diferente das pessoas de sua geração. Não se sabe a idade de Débora, mas não era uma pessoa muito jovem. Casada, julgando as causas do povo, Débora não devia ser senão uma mulher de uma certa idade, a ponto de ser chamada de “mãe em Israel” (Jz.5:7). Assim, tudo indica que nasceu e viveu boa parte do período de “80 anos de sossego”, não tendo, porém, se deixado levar pelos costumes dos gentios.

- Débora não só não se deixou misturar com o pecado dos povos que vivem no meio do povo de Israel, como também buscou de forma bem intensa ao Senhor, a ponto de ser uma “mulher profetisa”. No texto sagrado, é a segunda profetisa que surge, a primeira na Terra Prometida, pois a primeira que assim é mencionada é Miriã, a irmã de Moisés (Ex.15:20). Esta busca a Deus em meio a um povo corrompido demonstra a grande firmeza de caráter de Débora é o segredo de sua coragem.








- A primeira qualidade de Débora que o texto sagrado destaca é o fato de ser “mulher profetisa”, circunstância que vem antes até do nome do seu marido, a demonstrar que, ante os olhos de Deus, mais valem as características espirituais do que as obtidas sobre a face da Terra. Débora era uma “mulher profetisa”, alguém que tinha se tornado porta-voz de Deus em meio a um povo pecador e idólatra. Que firmeza demonstrou Débora para servir a Deus em meio a uma geração perversa. Quantas lutas Débora enfrentou, quanto teve de renunciar para se manter separada do pecado e do mundo. Mas tudo isto levou a pena, porque Deus tinha uma comunhão toda especial com a Sua serva, fazendo-lhe Seu porta-voz, pois, em sendo Débora profetisa, não havia segredos entre ela e Deus (Am.3:7).

- Débora distinguiu-se no meio daquele povo pecador. Por ter decidido servir a Deus, apesar de todas as circunstâncias adversas, mostrou ser uma pessoa diferente e, pouco a pouco, o povo pôde perceber que ali estava uma mulher de Deus, uma mulher onde habitava o Espírito Santo (numa época, aliás, em que o Espírito estava sob medida, atuava limitadamente, não como hoje, em que foi derramado). Não foi fácil obter este reconhecimento por parte do povo de Israel. Além de se estar diante de um povo rebelde e pecador e que, portanto, não tinha discernimento espiritual, Débora era uma mulher e, como tal, alvo de todo o desprezo que a cultura hebraica devotava às mulheres, ainda que, reconheçamos, eram os israelitas o povo que melhor tratava a mulher na Antigüidade.





- Embora seja uma conseqüência do pecado a desigualdade de tratamento que há entre homens e mulheres (Gn.3:16), e até por causa disto, não pode o povo de Deus proceder com atitudes discriminatórias em razão do gênero. Para Deus, não há acepção de pessoas (Dt.10:17; II Cr.19:7; At.10:34), de modo que o Seu povo, que segue o Seu exemplo (I Co.11:1), não pode fazer qualquer distinção entre homens e mulheres, a não ser as diferenças próprias de cada sexo. Não há superioridade entre o homem e a mulher, devendo ambos ser tratados igualmente na Igreja, cada qual na sua função, conforme determinado pelo Senhor.

- Entre os israelitas, como também na Igreja, este tratamento imparcial e sem acepção encontra grande resistência cultural. É sabido que, apesar de a Bíblia ser clara ao dizer que tanto homem quanto mulher são imagem e semelhança de Deus (Gn.5:1,2), até hoje há uma bênção judaica, proferida diariamente, em que o judeu agradece a Deus por não ter nascido gentio, escravo nem mulher. Tal bênção, que sempre causou grande dificuldade de explicação entre os rabinos, não deixa de ser uma prova da resistência cultural, dos resquícios da situação resultante do pecado.

- O texto sagrado demonstra que Débora era “mulher profetisa”, ou seja, diante de Deus, não há acepção entre homem e mulher no que respeita ao relacionamento com o Senhor. Débora decidiu servir ao Senhor em meio a uma geração perversa e, com tal intensidade, que se tornou porta-voz de Deus. Era, sim, u’a mulher, e o texto bíblico não omite esta circunstância, mas a sua fidelidade a Deus foi tanta que, apesar de todas as circunstâncias culturais adversas, pôde não só ser reconhecida como profetisa, mas, também, passar a julgar o povo.

- Na sua dedicação a Deus, Débora passou a ter o discernimento espiritual necessário para julgar as causas mais difíceis que havia no meio do povo e, por isso, acabou se impondo como juíza em Israel. Não eram os homens que reconheciam esta ou aquela pessoa como juiz, mas tudo era resultado de uma vida de comunhão com o Senhor. Como vimos supra, era o Senhor quem levantava o juiz, pois era Deus quem reinava sobre o povo, tanto que, quando o povo de Israel pediu um rei, ato que pôs fim a este período, o próprio Deus disse ter sido Ele o rejeitado e não, Samuel (o último juiz) (I Sm.8:7). O juiz tornava-se notável, isto é, passível de ser notado como alguém que tinha o Espírito de Deus, por causa de sua vida exemplar, de seu testemunho (cfr. I Sm.3:19,20).

- Assim ocorreu com Débora, que passou a ser considerada pelo povo como juíza em Israel por causa do seu testemunho e de sua vida espiritual. No povo de Deus, devemos nos sobressair por causa do nosso testemunho, de nosso atendimento ao chamado do Senhor e não o contrário, ou seja, alguém se impor por causa de seu parentesco, de seus relacionamentos de amizade para só depois buscar a presença de Deus. Por causa disto há muitos escândalos e muitos fracassos no meio do povo do Senhor, mas, sem olharmos para os valores humanos, busquemos ter discernimento espiritual para vermos quem são os “profetas”, quem são os chamados do Senhor para esta ou aquela tarefa no meio do Seu povo, pois a Igreja é um povo guiado pelo Espírito Santo (Jo.14:26; Rm.8:14).

- O fato de Débora ser chamada no texto de “mulher profetisa” e, logo a seguir, ser dito que era “mulher de Lapidote”, também nos revela algo muito importante: o fato de Débora ser uma profetisa, ter sido elevada a juíza de Israel, não alterou a sua posição na sociedade. Débora alçara uma posição que jamais uma mulher havia obtido e que jamais viria a obter novamente na história de Israel daquele período. No entanto, isto não modificou a sua qualidade de “mulher” e de “mulher de Lapidote”. A igualdade diante de Deus não significa igualitarismo, ou seja, a idéia de que “todos são iguais”, muito divulgada em os nossos dias. Homem e mulher são iguais diante de Deus, mas são diferentes, aliás, não há um ser humano igual a outro sobre a face da Terra.






- Débora não havia deixado de ser “mulher”, nem de ser a “mulher de Lapidote”, ou seja, mantinha sua condição de mulher e, como tal, com deveres e funções diferentes da dos homens e das de seu marido. Débora não era uma “feminista”, que defendia que as mulheres são iguais aos homens e que não há qualquer diferença entre os dois gêneros. Débora é um exemplo de que, diante de Deus, não há acepção de pessoas, mas que cada um mantém a sua individualidade, individualidade esta que deve ser respeitada e, mais, que homem e mulher são diferentes, tendo atividades e funções peculiares a cada gênero.




- O texto sagrado diz que Débora foi levantada como “mãe” em Israel. Ora, somente uma mulher poderia ser “mãe”. Esta é mais uma demonstração de que a igualdade diante de Deus, o tratamento imparcial que se deve dar a todo ser humano, sem discriminação, não significa deixar de reconhecer as diferenças que existem entre os gêneros e as funções distintas que só um gênero pode exercer.

Fonte: www.escoladominical.com.br

Comentários

Irene Costa disse…
Dalva, parabéns pela sua iniciativa de manter um blog! Você é uma pessoa experiente, criativa e disciplinada, que tem muito a oferecer para que outros (principalmente "outras") aprendam princípios vitais para o sucesso. Torço por você!
papeisdamulher disse…
Irene Costa,muito obrigada pelo apoio.Vindo de você me motiva a prosseguir,pois para mim você é uma mulher que admiro e sou seguidora!

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